Eleições 2022: Jovens falam sobre expectativa do primeiro voto
É um direito mas não é um dever. No Brasil, onde o voto é obrigatório, jovens de 16 a 18 anos podem se alistar para manifestarem sua vontade nas urnas — mas de forma facultativa. Em tempos de polarização e um cenário eleitoral que se desenha para uma disputa acirrada, a mobilização para que essa faixa etária também vote passou a ser bastante enfatizada.
O Brasil registrou um recorde no número de cadastros de adolescentes, entre 15 e 18 anos, que tiraram o título de eleitor no primeiro trimestre do ano. Mais de 1 milhão de novos eleitores na faixa etária foram cadastrados no sistema do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
O TSE tem investido em tecnologia para ajudar nesse processo. Por um lado, o alistamento eleitoral está mais simples e pode ser feito de forma online, em um processo que leva menos de 10 minutos. Por outro, a comunicação também foi pensada para alcançar diretamente a esse público. O órgão criou uma campanha chamada #BoraVotar que usou de hashtags e mobilizou diretamente em redes sociais, com uma linguagem segmentada e fácil.
Nos últimos meses, artistas, influenciadores digitais e outros formadores de opinião também passaram a incentivar a participação dos jovens.
A última pesquisa divulgada pelo instituto PoderData, sobre a preferência do eleitorado jovem — entre 16 e 24 anos — era de 51% para Lula (PT), frente a 29% para o atual presidente Jair Bolsonaro (PL). Os dados da pesquisa mostraram que os mais jovens tendem a defender pautas mais progressistas, como sustentabilidade e meio ambiente, diversidade e inclusão, além de algumas pautas sociais de forma difusa.
Sobre o assunto, o pensarpiauí conversou com Pedro Victor, de 17 anos, teresinense, estudante e atual vice-presidente da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas-UBES.
Confira o bate-papo:
pensarpiauí- O TSE registrou recorde de cadastramento de jovens para tirarem o título de eleitor. Você acha que o voto jovem será o diferencial desta eleição?
Pedro Victor– Com certeza, pelo fato de estarmos passando por um período histórico do nosso país, onde a juventude está sendo afetada diretamente, desde a educação até a fome. A juventude é protagonista e vai dar um novo rumo para esse país!
pensarpiauí- O que lhe motiva a votar mesmo que na sua idade o voto não seja obrigatório?
Pedro Victor- Porque o Brasil está um caos. Segue desgovernado por uma bancada fascista e nefasta, que certamente ficará na lata de lixo da história. Um governo que em meio a pandemia recusou a vacina diversas vezes, que dissemina ódio gratuito contra a população Lgbtqia+, contra a população negra e contra a mulheres. E isso é gravíssimo!
Para além, o desmonte da educação que Bolsonaro está fazendo é absurdo, chegamos ao ponto de uma CPI do MEC ser proposta e, por aqui, lutaremos pela sua efetivação. As universidades e institutos federais estão sucateados, sem ter como fazerem as manutenções por conta dos cortes bilionários feitos pelo governo federal, sem contar na Educação Básica. O novo Ensino Médio que propõe uma formação barata para uma mão de obra barata, milhares de jovens no subemprego e se evadindo das escolas e universidades.
E o Bolsonaro fala é em fazer armas, isso é típico de um governo genocida, corrupto e que não está nem aí para o povo e suas demandas. O Brasil voltou para o mapa da fome e se resume nisso, FOME E MISÉRIA. Para mudar esse cenário precisamos derrotar Bolsonaro e todos aqueles que com ele estão.
pensarpiauí- Você acha que a juventude de agora está mais conectada com a política e saberá o que cobrar dos governantes no futuro? Ou pode ser apenas a empolgação sobre a eleição acirrada deste ano?
Pedro Victor- Acho que os jovens estão cada vez mais tendo a noção de que tudo é política e tudo se vem através da política. Estão se organizando dentro de suas escolas através dos grêmios estudantis, e dentro das universidades através dos DCes, por exemplo, se organizando nas mais diversas entidades, coletivos e organizações de militâncias. Eu, por exemplo, sou militante da maior juventude organizada do Piauí, do Brasil e da América Latina, a União da Juventude Socialista-UJS, que por sinal conquistou o voto aos 16 anos.
pensarpiauí- O que você espera do resultado das eleições presidenciais?
Pedro Victor- Eu espero muito ansioso pela queda de Bolsonaro, porque essa queda vai representar uma derrota representativa do fascismo, do ódio, do preconceito, da falta de humanidade e do genocídio. Estou pronto pra eleger Luís Inácio da Silva a presidente do Brasil novamente, junto com a maior bancada de esquerda, progressista, negra, LGBTQIA+, feminista da história do Brasil.
Angical do Piauí
O pensarpiauí teve o mesmo bate-papo com Ianna de Araújo, de 16 anos, estudante e militante da Central dos Movimentos Populares (CMP/Juventude).
Ianna tirou seu título e ainda incentivou e ajudou mais de 30 jovens angicalenses a tirarem seus títulos de eleitor.
A jovem disse que incentivou outros jovens por achar importante a juventude se envolver no processo eleitoral. “Incentivei também pelo incômodo do rumo que o país está tomando na atual gestão. Me dispus e mobilizei-os a tirarem o título para podermos reivindicar melhorias para a juventude brasileira”, destacou.
Confira a entrevista:
pensarpiauí- O TSE registrou recorde de cadastramento de jovens para tirarem o título de eleitor. Você acha que o voto jovem será o diferencial desta eleição?
Ianna– Sim. Pois além de sermos a maioria, podemos mudar o rumo da história dentro do contexto político do nosso país. Nós jovens somos a voz de nossos pais, tios, irmãos mais novos e até mesmo de outros jovens leigos de buscar seus direitos enquanto cidadãos.
pensarpiauí- O que lhe motiva a votar mesmo que na sua idade o voto não seja obrigatório?
Ianna– Somos jovens cheios de desejos: desejos de mudanças, de oportunidades de trabalho, lazer, cultura, educação e tudo que nos foi tirado nestes quatro anos até chegar a nossa vez de votar e mostrar que podemos sim mudar o rumo da história política do país com o voto consciente.
pensarpiauí- Você acha que a juventude de agora está mais conectada com a política e saberá o que cobrar dos governantes no futuro? Ou pode ser apenas a empolgação sobre a eleição acirrada deste ano?
Ianna– Acredito que os dois sentidos são relevantes, pois saberemos cobrar e buscar junto aos governantes melhorias para a juventude de modo geral. Pela empolgação também, pois somos muito competitivos.
pensarpiauí- O que você espera do resultado das eleições presidenciais?
Ianna– Espero que os jovens, assim como eu, saibam que tem nas mãos uma decisão de escolha futura e, por este motivo, devem ser cautelosos e critériosos na seleção do candidato à presidência da república que possa beneficiar nosso país como um todo. No momento para mim é o Lula!!
Fonte: pensarpiaui.com