Brasil ganha 7,2 milhões de miseráveis em um ano
Entre 2020 e 2021, 7,2 milhões de brasileiros passaram a viver abaixo da linha da pobreza. Com isso, em apenas um ano, o total de pessoas nessa situação cresceu 42,11% e atingiu a marca de 23 milhões, o que representa 10,8% da população.
Trata-se do maior número de pessoas vivendo abaixo da linha da pobreza desde 2015, quando o levantamento começou a ser feito pelo Centro de Políticas Sociais da Fundação Getulio Vargas (FGV-Social).
É importante destacar que são considerados abaixo da linha pobreza aqueles que vivem com menos de R$ 210 por mês, o que os próprios autores do estudo consideram um valor insuficiente para atender as necessidades básicas.
“Tal linha, embora baixa para suprir necessidades básicas, é usada como critério de elegibilidade a algum benefício pelo Auxílio Brasil”, explicam Marcelo Neri e Marcos Hecksher na apresentação do trabalho (acesse aqui a íntegra do estudo).
Política do improviso
O estudo também mostra que a população mais pobre tem sofrido com a falta de uma política permanente e bem estruturada de combate à miséria.
Quando se olha para as variações mensais dos índices de pobreza ao longo de 2020 e 2021, percebe-se que os brasileiros mais necessitados têm vivido numa verdadeira montanha russa, dizem os dois especialistas.
Por exemplo, quando o Congresso Nacional aprovou o auxílio emergencial de R$ 600 (contra a vontade do governo Bolsonaro, que defendia um valor de R$ 200), o índice de pessoas abaixo da linha da pobreza foi reduzido para apenas 3,9% em setembro de 2020.
Porém, o governo cortou o auxílio pela metade e, no começo do ano passado, suspendeu o pagamento. Resultado: em março de 2021, o índice de brasileiros abaixo da linha da pobreza chegou a 13,2%.
“Além de prosperidade e igualdade, estabilidade é um atributo fundamental para o bem estar social. Tal como as duas primeiras, (a estabilidade) se encontra em falta no caso brasileiro”, escrevem Neri e Hecksher.
Caos continua em 2022
O levantamento do FGV Social não analisa dados deste ano. Mas outros estudos recentes mostram que a falta de uma política bem estruturada de combate à miséria continua massacrando os brasileiros.
No fim de 2021, o governo Bolsonaro acabou, ao mesmo tempo, com o Bolsa Família e o auxílio emergencial e colocou no lugar o Auxílio Brasil. Ao fazer isso, abandou, sem qualquer tipo de estudo para embasar a decisão, mais de 25 milhões de famílias que recebiam ajuda.
O resultado se observa hoje: o número de brasileiros passando fome chegou a 33 milhões. E a fila de pessoas que procuram os Centros de Referência da Assistência Social (Cras) na esperança de receber o Auxílio Brasil só aumenta. Segundo reportagem do Estado de S. Paulo, em abril passado, eram 5,3 milhões de pessoas na fila.
Fonte: pt.org.br