Haddad defende o impeachment: “Bolsonaro é um risco real à vida das pessoas”
O ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT) defendeu, nesta quinta-feira (9), a urgência do impeachment de Jair Bolsonaro. “A obrigação de todo partido progressista é lutar pelo impeachment de Bolsonaro. Ele é um risco real à vida das pessoas, aos empregos, à economia, ao meio ambiente, à imagem do Brasil no exterior”, afirmou em entrevista ao site DCM (assista abaixo), lembrando que o Partido dos Trabalhadores defende o impeachment há um ano e meio.
Mais cedo, nas redes sociais, Haddad apoiou a atualização do placar do impeachment, plataforma onde os deputados federais podem dizer se são a favor ou contra o impeachment. Para ele, é preciso cobrar uma posição clara dos parlamentares, especialmente agora que alguns partidos da direita começam a falar que apoiarão um processo para retirar Bolsonaro da Presidência.
“O que nós temos de saber hoje é quais são os deputados que ainda mantêm o Bolsonaro no poder apesar dos inúmeros crimes de responsabilidade que ele comete semanalmente. Então, se estão falando agora que são a favor do impeachment, então vamos ver quais são os deputados que são a favor do impeachment. Temos de tirar do armário esses caras que ficaram em cima do muro este ano e meio”, defendeu. “Temos que parar de fazer cena e contar votos. Se não contar voto, estamos falando de uma abstração. Impeachment é voto no Congresso, não tem outra coisa”.
Nova Diretas Já
Para Haddad, um movimento que junte todos os democratas do país em defesa das eleições e contra o golpismo de Bolsonaro pode exercer uma pressão maior sobre o presidente da Câmara, Arthur Lira, que, na avaliação do também ex-ministro da Educação, barra o impeachment porque o Centrão assumiu uma posição de poder inédita no governo Bolsonaro. “O Brasil está no inferno, mas o Centrão foi ao paraíso.”
“Se tiver um movimento equivalente ao das Diretas Já, com todo o campo democrático, convocação conjunta, todo mundo chamando para o mesmo objetivo e fizer um placar do impeachment, com o voto de cada deputado, com os eleitores pressionando os deputados para que se manifestem, acho que tem chance de o Lira não suportar”, avaliou, ressaltando que esse movimento não se confunde com os atos do dia 12. “Temos sim que fazer um ato dos democratas, mas deve ser convocado por todo mundo, com tempo de antecedência.”
Haddad, assim, rebateu quem tenta usar a não participação do PT nos atos do dia 12 para acusar o partido de não defender a democracia. “Agora, a turma que botou o Bolsonaro lá está dizendo que o PT não quer tirar. Em vez de eles assumirem o que fizeram com este país, que erraram… (…) A mídia é golpista, os partidos são golpistas e a gente que tem de dar explicação sobre apoiar a democracia? Eu nasci democrático e não aguento mais esse povo mentindo para a população desse jeito”, completou.
7 de Setembro
Sobre os atos golpistas chamados por Bolsonaro no 7 de Setembro, Haddad disse duvidar que eles tenham aumentado o apoio do atual presidente. “Duvido que tenha ampliado o apoio. Talvez ele não tenha perdido apoio, porque a base dele quer essa confusão que ele causa. Tem um autor que está voltando à moda, o Karl Polanyi, que fala uma coisa muito interessante. Ele distingue movement de move, ele diz que o fascismo quer agito, não quer movimento, porque não é um projeto propriamente, é pura agitação, vive da agitação”, analisou. “Por isso que uma pessoa que não governa o país há quase três anos tem 20% de aprovação. É em função desse agito.”
Para Haddad, ao criar confusão, Bolsonaro consegue culpar terceiros pelo próprio fracasso. “Ele acusa os demais poderes de não deixá-lo governar, o que é uma mentira crassa, porque o Congresso aprova quase tudo que ele quer, inclusive com o apoio da direita, que apoia a extrema direita em toda a agenda econômica. O problema é que a agenda econômica do Guedes não dá certo, dá muito errado, e ele tem que terceirizar a responsabilidade. Para quem? Para os poderes constituídos, pra China, pro comunismo internacional… acha algum culpado, porque o fascismo também depende desse terceiro sujeito oculto, que ninguém sabe muito bem o que é, mas que é o espantalho, o fantasma que mantém a base dele coesa.”
Na avaliação de Haddad, o campo progressista conseguiu se comportar bem no Dia da Independência. “Acho que fizemos bonito. Termos bancado o Grito dos Excluídos, ter dito que não abríamos mão de 27 anos de Grito dos Excluídos, termos ido às ruas, garantido na Justiça uma liminar que nos dava o Anhangabaú, ter enchido o Anhangabaú, o presidente Lula ter feito um pronunciamento como um presidente deve fazer no Dia da Independência, falando de soberania nacional e popular, o fato de o Jornal Nacional ter tido de registrar o nosso ato em defesa da democracia e o dele, em defesa do golpe, acho que, para a nação, foi pedagógico.”
Fonte: pt.org.br