Pandemia e falta de ação de Bolsonaro fecham 700 mil pequenos negócios
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), este número equivale a 99,8% do total de 700 mil empresas de todos os portes que faliram nos primeiros meses deste ano. Índice bem acima do apurado pelo Serviço de Apoio a Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) que seria de 600 mil ao ano.
Como conseqüência deste desastre econômico, milhares e milhares de trabalhadores e trabalhadoras ficaram sem emprego e renda. Não fosse a pressão do PT e da Oposição que garantiram o auxílio emergencial de R$ 600,00. O governo queria dar apenas R$ 200,00.
Enquanto a área econômica do governo Bolsonaro não se mostra nem um pouco sensibilizada com a situação caótica vivida pelos 17,2 milhões de pequenos negócios, o Banco Central faz a liberação de R$ 1,2 trilhão aos bancos para aumentar a liquidez do Sistema Financeiro Nacional para que as instituições tenham recursos para atender às demandas do mercado durante a pandemia.
Com a pandemia e a inapetência do governo Bolsonaro, quem decidiu acreditar no velho discurso neoliberal do empreendedorismo na pregação de que os empregos formais não são mais possíveis no mundo capitalista, e que cada um deve procurar sua própria autonomia, acabou pagando um preço bastante alto para manter seu pequeno negócio.
Falências e demissões em massa
Em maio, o Congresso Nacional aprovou uma linha de crédito de R$ 16 bilhões para o Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe) com uma taxa de juros de 1,25%. O dinheiro acabou em menos de três meses e atendeu apenas 211 mil empresas, sendo 104 mil microempresas e 106 mil pequenas empresas. O governo federal deveria renovar o programa com uma nova linha de crédito de R$ 12 bilhões disponível a partir do dia primeiro de setembro.
Segundo Adriana Marcolino, técnica da subseção do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômico (Dieese) da CUT Nacional, critica o veto do presidente à forma de pagamento do empréstimo que foi aprovado pelo Congresso. “O Pronampe que o Congresso criou é importante, mas Bolsonaro vetou que os pagamentos das prestações poderiam começar a ser feitos oito meses após o empréstimo. Mesmo com juros baixos ninguém tem dinheiro ainda para começar a pagar”
A 2ª Pesquisa sobre Impacto da pandemia de coronavírus nos pequenos negócios” que havia sido realizada em abril, antes, portanto, da aprovação do Pronampe já mostrava a necessidade de facilitar o acesso ao crédito para os micro e pequenos empreendedores.
Segundo a pesquisa 9,4 milhões de empreendedores precisarão de empréstimos para manter suas empresas sem gerar demissões. 5,1 milhões já tentaram buscar empréstimos, mas somente 567 mil conseguiram e outros 1,5 milhões estavam aguardando resposta. Desde o início da pandemia até a realização da pesquisa, cada empresa demitiu em média três trabalhadores.
Esses números refletem a total incapacidade do atual governo em impedir que uma importante estrutura produtiva e de serviços quebre, afirma Adriana Marcolino.
“A pandemia veio para mostrar as falhas no discurso neoliberal de que a mão invisível do mercado financeiro decide que só os fortes vão sobreviver. Sem ajuda do governo vai se quebrar uma cadeia importante de geração de emprego e renda”, diz a técnica do Dieese.
Pequenos negócios endividados
Estudo feito pelo Sebrae mostra que 40% dos pequenos negócios já estão com dívidas em atraso, o que, de acordo com dados da Receita Federal, representam mais de 7 milhões de CNPJs endividados.
Até o final de julho já havia R$ 106 bilhões em dívidas acumuladas. Deste total, R$ 18,2 bilhões são gastos de pessoal; R$ 6,3 bilhões em aluguéis e R$ 81,3 bilhões em outros custos e despesas.
Segundo Adriana Marcolino, o atual governo deveria ter aprendido alguma coisa com a crise econômica após o golpe de 2016, de Michel Temer (MDB-SP).
“Impressionante como em quase cinco anos, eles não aprenderam nada com os erros cometidos pelo governo anterior. Esta crise seria no mínimo amenizada se fossem oferecidos créditos a juros zero para pequenas empresas e juros muito baixos para as médias, além de capital de giro e capacitação e assistência técnica para que um negócio se reinvente”.
Da Redação, com CUT