Incomodado com as marcas do PT, Bolsonaro lança o Casa Verde e Amarela

Foto: Reprodução
O lançamento é a primeira iniciativa do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) para tentar criar sua própria marca social.
Lançado em 2009, o Minha Casa, Minha Vida é uma marca das gestões do PT.
O próprio governo admite que o Casa Verde e Amarela não é um programa novo, mas um conjunto de medidas para “aprimorar os programas habitacionais existentes e diversificar o catálogo de opções ofertado”.
As mudanças foram feitas via Medida Provisória, assinada hoje pelo presidente, que será enviada ao Congresso Nacional para votação
Uma das alterações feitas pelo governo é a redução das taxas de juros cobradas nos financiamentos.
O corte é para todas as regiões, mas será maior para moradores das regiões Norte e Nordeste. Eles terão redução de até 0,5 ponto percentual nos juros anuais, no caso de famílias com renda de até R$ 2.000 mensais, e 0,25 ponto percentual, para quem ganha entre R$ 2.000 e R$ 2.600.
Nessas regiões, os juros poderão chegar a 4,25% ao ano para cotistas do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) e, nas demais regiões, a 4,5%. O governo espera financiar a compra de casas para 1,6 milhão de famílias de baixa renda até 2024.
O ministro da Economia, Paulo Guedes, não participou do evento.
Guedes havia anunciado na semana passada que hoje faria o anúncio de uma série de medidas econômicas, incluindo o Renda Brasil, substituto do Bolsa Família.
O pacote foi apresentado a Bolsonaro ontem e, diante de divergências, o presidente decidiu cancelar os anúncios previstos por Guedes. Restou apenas o lançamento do novo Minha Casa, Minha Vida, sob responsabilidade de Marinho, e não de Guedes.
Os dois ministros têm protagonizado um embate dentro do governo. Marinho defende mais gasto público para tirar o Brasil da crise causada pela pandemia, o que é rechaçado por Guedes
O líder do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto), Guilherme Boulos, criticou o formato do programa da habitação ‘Casa Verde e Amarela’, “Ele é pior que o BNH da ditadura”, comparou Boulos.
O BNH (Banco Nacional da Habitação) foi uma empresa criada pela ditadura, em 1964, para financiar a compra e construção de imóveis com juros reduzidos. Ao jornalista Leonardo Sakamoto, do UOL, Boulos explicou o porquê da comparação:
“Cerca de 92% do déficit habitacional brasileiro é composto de famílias que ganham até três salários mínimos. Elas não são sujeitos de crédito bancário. Ou seja, não passam em critérios como capacidade de pagamento, fundo de garantia, entre outros. Por isso, o BNH construiu, basicamente, para a classe média enquanto existiu”.
“A única forma de fazer programa social, construir casa para pobre no país, é com subsídio forte. O que o governo Bolsonaro chama de subsídio são juros subsidiados, que amortizam o impacto das prestações, não é garantir acesso. Ou seja, o governo matou o programa social e o transformou em um programa de crédito”, acrescentou.
Fonte: Pensar Piauí