O rompimento de Wellington e Ciro e as perspectivas eleitorais para 2020 e 2022

 O rompimento de Wellington e Ciro e as perspectivas eleitorais para 2020 e 2022

Por Cantídio Filho, jornalista e professor da UFPI

A aliança entre o governador Wellington Dias e o senador Ciro Nogueira dá sinais de exaustão. Esta composição surgiu inspirada nas alianças nacionais do então governo Lula com o Centrão, conjunto de partidos conservadores no Congresso, cuja maioria é fisiológica e de aluguel, ou seja, nunca é oposição, sempre governista. Basta ver que já apoiaram FHC, Lula, Dilma, Temer e agora estão com Bolsonaro.

Com a eleição de Bolsonaro, o centrão ficou órfão por algum tempo, ou seja, período em que o atual presidente imaginava governar sozinho sem o Congresso. Ao constatar que as instituições e a maioria do povo brasileiro não apoiam mais ditaduras, Bolsonaro voltou ao seu ninho, ou seja, a sustentar-se amparado pelo centrão, força política que tem o PP do senador Ciro Nogueira um dos seus maiores expoentes.

Quem não lembra de Ciro Nogueira beijando a mão da então presidente Dilma Rousseff e, pouco tempo depois, assumindo o papel de carrasco, ele e todo o PP, partido em que é presidente nacional e, inclusive a deputada Iracema Portela, votando pelo impeachment da presidente?

Na verdade o PP de Ciro, por ter uma bancada no Congresso Nacional de quase 40 parlamentares, representa interesses das grandes corporações privadas e de ideologia conservadora, conta com grande proteção de integrantes de instituições jurídicas do Estado. Com isto sente-se a vontade para fazer política sem coerência  alguma, ou seja, baseada exclusivamente em interesses pessoais e privados, daí submeterem-se a serem alugados por governos de plantão, desde que eles lavem a burra com cargos comissionados e grandes somas de recursos públicos.

Ciro Nogueira agora está de cocó e transa com o presidente Bolsonaro, aliás isto é natural, afinal este já foi integrante do PP, só mudou de partido porque foi impedido pela legenda que saísse candidato a presidente em 2018.

Essa esperteza de Nogueira somada as rasteiras que o PT levou com o impeachment de Dilma e a prisão de Lula, vem acordando o PT para a realidade. Mostrando que o modo tradicional e perverso de fazer política entrou em crise e, principalmente para a esquerda. Não basta mais ganhar o governo e dá cargos e recursos públicos para a banda podre do Congresso Nacional e assim garantir a chamada governabilidade e se manter por mais tempo no poder.

Wellington Dias, que tinha Ciro Nogueira como aliado desde 2014, parece que acordou pra realidade. O PP pavimenta de forma acelerada a estrada para jogar os pés no PT novamente, agora em nível estadual. Ciro sabe que tem costas largas e amparo junto a integrantes de instituições jurídicas poderosas do Estado. É jovem, filho de família tradicional e que dificilmente será preso enquanto tiver no auge, isto porque serve aos interesses dos conservadores. Basta ver o exemplo de Aécio, Serra, Alckmin e Temer, etc… que mesmo processados por corrupção e em final de carreira política, jamais serão presos, os crimes de todos eles prescreverão. Estamos no Brasil, e não é a toa que os conservadores usam dessa velha estratégia a mais de 500 anos.

Os petistas em nível de Piauí tão sendo obrigados a construir novos caminhos. Se quiserem manter-se e ir mais longe são convidados a se reaproximarem do povo, reconquistar a sua confiança. Serem mais transparentes no uso dos recursos públicos, retomar práticas mais éticas e abrirem o Estado para assim assegurar maior controle social das políticas públicas.

O certo é que nos tempos atuais, quem quiser fazer política com o mínimo de decência é desafiado a botar em prática o uso do fundo partidário no financiamento de campanhas eleitorais. Com isto é possível colocar em cheque lideranças do centrão, que são mantidas graças ao maciço financiamento privado e que hoje não é mais permitido, fato “comum” que ocorreu no Brasil por mais de 40 anos, onde o conluio entre empresas privadas e gestores do Estado, alimentou caixa dois, corrupção e beneficiou o carreirismo político.

O governador Wellington Dias é convidado a recompor sua base de sustentação na Assembleia Legislativa. A ouvir mais o povo e os movimentos organizados da sociedade, a oxigenar a máquina pública, a conduzir o Estado cada vez mais como uma grande empresa social e mostrar resultados. Só isto o livrará da vala comum junto a opinião pública, terreno em que os adversários do PT já conseguiram sucesso quando fizeram impeachment de Dilma e festejaram a prisão de Lula.

 

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