A economia brasileira está melhor do que os indicadores mostram
Balança comercial positiva, inflação em queda e ambiente político mais estável trazem condições para a economia brasileira crescer, diz a Bloomberg, maior agência de notícias econômicas do planeta
De acordo com analistas ouvidos pela Bloomberg, maior agência de notícias econômicas do mundo, a economia brasileira pode estar em situação melhor do que aparentam os índices econômicos, diz a matéria assinada por JP Spinetto.
“Estamos em junho, o mês dos namorados no Brasil – e também a época na qual os economistas percebem que voltaram a ser pessimistas demais em relação ao Brasil. Pelo terceiro ano consecutivo, a economia brasileira deve crescer mais do que os especialistas previam em janeiro. O Produto Interno Bruto expandiu 4% anualmente nos primeiros três meses do ano, colocando-o no caminho para superar facilmente a previsão do início de 2023 – os economistas achavam que o Brasil cresceria 0,78% este ano”, afirma o texto.
“O Brasil pode estar no início de um ciclo virtuoso: condições internacionais favoráveis, inflação e taxas de juros em retração e um ambiente político mais construtivo”, acrescenta o editor da agência de notícias.
Robin Brooks, economista-chefe do Institute of International Finance, adiciona mais dados positivos. “A começar pelo setor externo – com a reabertura da China pós covid, as exportações brasileiras estão crescendo, atingindo um recorde de quase US$ 340 bilhões nos últimos 12 meses e marcando um superávit comercial recorde. “Não há nenhum outro mercado emergente que tenha visto uma transformação sequer parecida com esta”.
Brooks argumenta que a cotação justa do dólar é R$ 4,50 – e os investidores começaram recentemente a comprar sua tese, com a valorização da moeda para R$ 4,81 por dólar na quarta-feira, a maior em mais de um ano. Uma perspectiva econômica mais positiva nos Estados Unidos ajudará ainda mais o Brasil.
Depois, há a inflação, em trajetória de queda. “Com 3,9%, a taxa de inflação do Brasil é menor do que a da maioria de seus pares ou mesmo de países mais ricos, como Estados Unidos, Canadá ou Austrália. É dois terços da taxa de inflação nominal da zona do euro. E as expectativas de inflação também melhoraram significativamente: o IPCA agora termina o ano em 5,42%, ante 6,05% no final de abril”.
“Atualmente, a taxa básica de juros está em 13,75%, tornando o Brasil o país com a maior taxa de juros real do mundo, quase 10%. A redução das taxas será crucial para acelerar a demanda e aliviar os consumidores endividados. O mercado de trabalho também está se fortalecendo, com a taxa de desemprego caindo para 8,5% em abril, mesmo nível de 2015”, diz a análise de Spinetto.
No Brasil, as empresas são mais sensíveis aos juros do que as dos países vizinhos e esse aperto monetário excessivo está prejudicando seus balanços – se o custo dos empréstimos caírem, será uma fonte de crescimento extra.
Um conglomerado de ensino superior particular está percebendo uma recuperação na demanda, principalmente entre os clientes de baixa renda, e espera um ambiente muito melhor quando o banco central começar a reduzir as taxas, diz Eduardo Parente, CEO da empresa. Parente diz que cada ponto percentual a menos na Selic significa R$ 28 milhões em caixa”. Essa melhora fiscal e monetária levaram a S&P Global Ratings a elevar a nota da dívida do Brasil de estável para positiva nesta quarta (14).
O cenário político também fortalece essa expectativa de crescimento: “Finalmente, também há razões para ser otimista na frente política. Enquanto a gestão Lula III parece ser um líder menos paciente e mais dogmático do que Lula I, as tendências esquerdistas do presidente Lula são temperadas por um congresso de centro-direita. Como disse recentemente à CNN Brasil o presidente da Câmara, Arthur Lira, o Congresso não é de esquerda, mas “reformista, liberal, que tem posições próprias”.
Tradução: Para ter alguma chance de avançar em sua agenda, Lula terá que fazer o tipo de barganha política que todos os presidentes tiveram que fazer. Felizmente, o arcabouço fiscal do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, deve obter a aprovação do Congresso, removendo uma grande nuvem sobre o horizonte fiscal do Brasil. Portanto, mesmo que Lula avance com seus planos para combater as desigualdades sociais de longa data do Brasil – que precisam ser enfrentadas – a situação fiscal do país deve ser protegida.
Segundo a Bloomberg, “O Brasil se beneficiou nos últimos anos de sua abertura a novas tecnologias, projetos recentes de infraestrutura, expansão de seus mercados de capitais e um ambiente de negócios mais sofisticado. Tudo isso está sustentando uma economia que está pronta para decolar”.
Fonte: pensarpiaui.com