Os discursos e bastidores do jantar de Lula com empresários em SP
Por Igor Gadelha, jornalista, no Metrópoles
O ex-presidente Lula jantou na terça-feira (27/9), em São Paulo, com um grupo de grandes empresários e banqueiros. O evento teve discursos do petista, de integrantes da sua equipe de campanha e de alguns empresários.
O jantar foi organizado pelos grupos Esfera e Prerrogativas e aconteceu no apartamento do presidente do Esfera, João Camargo, no Morumbi. Não houve mesa posta. Os convidados foram alocados em cadeiras em uma das salas da residência.
Para tentar evitar fotos ou gravações, os organizadores pediram que os empresários e banqueiros guardassem seus aparelhos celulares dentro de um envelope branco. O envelope ficava sob a posse de cada convidado.
Lula estava acompanhado da esposa, Janja; de seu candidato a vice, Geraldo Alckmin (PSB); do ex-ministro Aloizio Mercadante, coordenador do plano de governo; do economista Gabriel Galípolo; e da presidente do PT, Gleisi Hoffmann.
Cotado para ser ministro da Economia de um eventual governo Lula, o deputado federal Alexandre Padilha (PT-SP) também foi ao jantar. O parlamentar, porém, saiu mais cedo para acompanhar Fernando Haddad (PT) no debate da TV Globo.
O que Lula disse
Segundo relatos, ao chegar ao evento, Lula cumprimentou os empresários com um aperto de mão. O petista fez uma fala, na qual disse que a miséria era um problema de todos e propôs um “pacto” para combater o problema no Brasil.
O ex-presidente também afirmou ter responsabilidade fiscal, sem precisar seguir uma regra de teto de gastos. Ele defendeu a possibilidade de o país gerar dívida para bancar investimentos, mas não para financiar custeio da máquina pública.
Lula disse ainda não ver problema na autonomia do Banco Central. Mas defendeu que o órgão persiga outros objetivos, além de definir a taxa de juros e combater a inflação. Entre eles, metas de crescimento do PIB e de geração de emprego.
Discurso “franco”
Além de Lula, discursaram Alckmin e Mercadante. Segundo relatos, o coordenador do plano de governo fez uma fala “franca”, na qual reconheceu haver divergências entre o que Lula e o empresariado defendem na área econômica.
Uma dessas divergências citadas por Mercadante seria sobre a importância do papel do Estado no processo reindustrialização do país e de recuperação do setor de infraestrutura. Defendida por Lula, a ideia enfrenta resistência de empresários.
Empresários
Além de discursar, Lula pediu que os empresários falassem. Ao menos quatro, então, foram escalados para discursar: Abílio Diniz (Península Participações), André Esteves (BTG), Fábio Ermínio de Moraes (Votorantim) e Luiz Henrique Guimarães (Cosan).
FOTO: REPRODUÇÃO
Como noticiou a coluna, Abílio fez uma fala em defesa de uma reforma tributária para reduzir a carga tributária. O empresário também questionou como Lula pretendia enfrentar o tema, se eleito presidente da República.
Nas rodas de conversas após os discursos, Lula pediu “pé no chão” a empresários que o abordavam dizendo que ele vai ganhar as eleições no primeiro turno, conforme apontam algumas pesquisas de intenção de voto divulgadas nesta semana.
Fonte: pensarpiaui.com