Lula vai estimular indústria digital para gerar empregos, diz economista
A digitalização da economia, cada vez mais baseada na internet, nos aplicativos e no computador, tem dividido o mundo em dois tipos de países: os que produzem e exportam serviços e bens digitais e aqueles que simplesmente consomem esses bens e serviços.
O Brasil, hoje, faz parte do segundo grupo, produzindo pouco e utilizando muitos serviços de empresas estrangeiras. E o grande problema disso é que, dessa forma, só são geradas aqui vagas de trabalho simples e mal remuneradas, explica o economista e presidente do Instituto Lula, Marcio Pochmann.
Em outras palavras, em vez de empregar programadores que desenvolvam aplicativos de entrega ou engenheiros que criem satélites de monitoramento, abrimos apenas vagas para entregadores ou funcionários de empresas que usam satélites produzidos e mantidos por firmas internacionais.
“Criar as bases para se produzir bens e serviços digitais é muito importante para gerar empregos de qualidade. Quando um país é simplesmente consumidor, ele não consegue abrir oportunidades de trabalho de maior qualificação”, disse Pochmann, na terça-feira (30), em entrevista ao Jornal PT Brasil (assista à íntegra abaixo).
Segundo Pochmann, Lula é a liderança de que o Brasil precisa neste momento, por se preocupar tanto com as condições de trabalho quanto com a soberania do Brasil perante o resto do mundo. É com isso em mente que Lula tem discutido a reindustrialização do país, afirmou.
“O presidente Lula tem falado da reindustrialização do país, que, obviamente, não seria uma volta ao passado, mas estará conectada às perspectivas do presente e do futuro”, resumiu Pochmann. “A produção de bens e serviços digitais abre uma perspectiva de geração de empregos muito importante para que a juventude, quem estuda, tenha a oportunidade de realizar o que aprendeu”, completou.
Direitos dos trabalhadores
O outro desafio que a digitalização da economia traz, e para a qual Lula também está atento, diz respeito aos diretos dos trabalhadores. “Um outro aspecto é o de como vão se organizar esses trabalhadores, os tipos de direitos que terão, como se organizarão. É na forma do sindicalismo passado ou são formas novas? Como se regula esse trabalho? Quantas horas, o que significa trabalhar em casa, qual é o tipo de remuneração?”, apontou.
Pochmann lembrou que essas são questões que Lula tem destacado como importantes de serem construídas a partir do diálogo, reunindo empregadores, trabalhadores e o próprio Estado. E a chamada reforma trabalhista, aprovada no governo Temer, não responde essas questões, ressaltou.
Fonte: pt.org.br