Marcha das Margaridas aposta na agricultura familiar para combater a fome
Por conta da pandemia de Covid-19, a tradicional Marcha das Margaridas não será realizada presencialmente. No entanto, o calendário de luta das mulheres não para.
Nesta tarde, às 15h, acontece a Roda de Conversa “Margarida Alves, presente! Mulheres e Juventude na luta pela reforma agrária e contra a violência no campo”. Transmitido pelo Facebook, Youtube e Portal da Contag, o debate celebra o Dia Nacional das Mulheres Trabalhadoras Rurais Contra a Violência no Campo e o Dia Internacional e Nacional da Juventude.
Amanhã, às 15h, as Margaridas participam da audiência interativa “O combate à violência contra à mulher no campo”, debate organizado conjuntamente pela Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher e pela Secretaria da Mulher.
Essas atividades fazem parte da agenda da “Marcha das Margaridas”, que completa 21 anos, foi criada para conscientizar e combater a violência contra as mulheres camponesas. O marco dessa data foi o assassinato de Margarida Alves, líder sindical, que foi brutalmente assassinada na porta de sua casa, em 12 de agosto de 1983, na frente da família, com um tiro no rosto. Os assassinos nunca foram condenados.
Ela morava em Alagoa Grande, na Paraíba, nas terras que foram palco da Liga Camponesa. A mando de latifundiários, Margarida pagou com a vida em prol da luta por direitos sociais, trabalhistas e à terra para todos. Ela participou do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Alagoa Grande por 23 anos como tesoureira e presidente.
“Margarida rompeu com padrões tradicionais de gênero em um contexto ainda mais difícil para a luta das mulheres. Seu nome é lembrado e celebrado em cada avanço e conquista das trabalhadoras. Reverenciar as lutadoras que vieram antes de nós é um de nossos pilares na construção do feminismo das mulheres do PT”, afirma Anne Moura, secretária nacional de mulheres do PT.
Na gestão de Margarida Alves, o sindicato moveu mais de 600 ações trabalhistas, fazendo denúncias de desrespeito às leis trabalhistas, contra as usinas de cana de açúcar da região. Um de seus principais lemas era: “É melhor morrer na luta do que morrer de fome”.
De acordo com a Contag, na pauta das Margaridas, o caminho mais estratégico para combater à fome é incentivar a agricultura familiar com políticas públicas adequadas. “É impossível combater a fome sem fortalecer a agricultura familiar, que deveria, no nosso ponto de vista, fazer parte da agenda de políticas públicas do Governo”, pondera Mazé Morais, secretária de Mulheres Trabalhadoras Rurais da Contag.
Diante do aumento da crise econômica impulsionada pelo governo Bolsonaro que arrasta milhares de mulheres para a situação de pobreza, atacadas pelo fome, desemprego e fora da escola, a força de Margarida Alves é uma inspiração para mobilizar as mulheres na luta por um mundo mais justo, no campo e na cidade.
Fonte: pt.org.br