Presidente da Anvisa culpa Nise Yamaguchi por proposta de mudança na bula da cloroquina
Em depoimento na CPI da Covid, nesta terça-feira (11), o presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Antonio Barra Torres, confirmou que o Palácio do Planalto tinha uma minuta sugerindo a inclusão da cloroquina um dos medicamentos para ser usado contra a Covid-19. Em sua fala, Torres afirmou que a médica Nise Yamaguchi foi a principal entusiasta do uso do remédio, sem eficácia comprovada pela comunidade científica.
O dirigente afirmou que a médica estava “mobilizada” pela mudança da bula. “Aquilo me provocou uma reação deseducada. Falei que não poderia acontecer. Isso não tem cabimento. Só que pode modificar a bula é a agência reguladora do País, mas desde que solicitado pelo laboratório depois de estudos clínicos, disse.
“Na minha visão não está contemplada essa medicação. (Minha avaliação) contempla testagem e diagnóstico precoce”, disse ele, que negou defender o tratamento precoce contra a Covid-19.
O dirigente afirmou que houve uma reunião com Braga Neto, quando o general era ministro da Casa Civil, (atualmente está na Defesa), com Luzi Henrique Mandetta (então Ministro da Saúde), Nise Yamaguchi (médica defensora da cloroquina) e outro mais um médico, cujo nome não se recorda).
Em referência à cloroquina, o presidente da Anvisa afirmou que “existe um estudo em aberto, que avalia dados de uso em casos leves, com previsão para acabar em dezembro”. “Estudos apontam a não eficácia comprovada”, acrescentou.
Em depoimento na CPI da Covid no Senado, o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta havia dito que a ordem referente ao uso de hidroxicloroquina no tratamento precoce contra a Covid-19 não partiu da pasta. “Havia um papel não timbrado com informações sugerindo que se mudasse a bula da cloroquina na Anvisa e o próprio presidente Barra Torres que disse ‘isso não’. Alguém botou aquilo em formato de decreto”, disse.
Fonte: Brasil247