“Na era Lula, o Brasil voltou a gostar de si”, diz ator Matheus Nachtergaele
Em uma longa entrevista concedida à jornalista Monica Bergamo, na Folha de S. Paulo, o ator Matheus Nachtergaele, ao comentar de sempre ser reconhecido como o João Grillo de O auto da compadecida, diz que o personagem faz parte de um Brasil que gostava de si, da Era Lula.
“Acho que o sucesso do “‘Auto’ tem a ver com o elogio do Brasil que nós um dia quisemos ser, com falar de política de uma maneira muito simples e divertida. Os protagonistas são dois miseráveis que sobrevivem aos podres poderes do mundo, como a maioria dos brasileiros. Ele nasce num momento em que o Brasil voltou a gostar de si. Estou falando do pós-Fernando Henrique, início da era Lula. O ‘Auto’ foi um dos instrumentos importantes da retomada do cinema”.
Sobre o atual momento do Brasil, o ator diz que “fracassamos momentaneamente”, mas que o bolsonarismo vai passar.
“Nós fracassamos, mas momentaneamente. Ficamos exaustos de nós mesmos e das condições em que a política brasileira é feita e acabamos, como povo, perdendo um pouco a clareza do que é mais importante para nós. Acho que o bolsonarismo é resultante dessa confusão. E não é imcompreensível que ele exista, mas espero que estejamos passando por ele para recordarmos do que queremos ser”, disse.
Além disso, Nachtergaele acredita que o bolsonarismo é o “estertor do capitalismo, uma tentativa desesperada de as coisas não mudarem, sendo que nós somos o país que pode inventar o novo para o mundo inteiro”
O ator também acredita numa possível reorganização das esquerdas, centros e direitas “para que a gente possa voltar em 2022 com opções bonitas de voto”.
“Não queremos ser um país violento, fascista, branco, machista, misógino, preconceituoso, racista, homofóbico, bélico. Não queremos essa ignorância terraplanista. Gente é pra brilhar, como dizia o poeta, e o Brasil pode isso ainda”.
Por fim, o ator afirma que “avanços bonitos” foram conquistados durante os governos do PT, porém, “em nome da corrupção” a maioria dos eleitores fizeram a pior escolha”. “Fomos treinados para odiar um fantasma comunista que nunca existiu”, criticou o ator.
Com informações da Revista Fórum
Fonte: pensarpiaui.com