Elas por Elas: Relacionamentos abusivos saiba como identificar e pedir ajuda
Viramos o ano e as primeiras notícias de 2021 já vieram marcadas pela violência contra a mulher. Feminicídios, tentativas de homicídio e nos últimos dias desabafos da atriz Duda Reis contra o ex namorado, sobre os abusos e agressões que vivia dentro do relacionamento.
Mas, mesmo com a violência contra a mulher lotando os noticiários todos os dias, muitos ainda não sabem o que configura um relacionamento abusivo, suas características e como sair dessa situação.
A justiça entende que as condutas violentas não só querem ferir as vítimas, mas também deixá-las vulneráveis de outros modos. A advogada e militante em defesa dos direito das mulheres, Isabel Lira, explica que
“Embora exista um consenso social equivocado de delimitar a violência contra a mulher somente como a violência física, há várias formas de manifestação das agressões, tanto que a própria Lei Maria da Penha já trouxe um rol expresso em seu art. 7º, inclusive conceituando os diversos tipos de condutas violentas que são: a física, psicológica, sexual, patrimonial e moral. É importante observar que o rol é exemplificativo, e não taxativo, o que significa que poderão haver outras condutas que se enquadrem dentro da definição e não foram mencionadas no texto legal”.
Muitas mulheres vivem relações violentas, onde estão sob perigo 24 horas e não tem noção de que enfrentam esse risco. Ou tem receio de expor e denunciar por entender que na maioria dos casos as vítimas são julgadas e atacadas.
A estudante G. L., foi vítima de um relacionamento abusivo, onde sofria regulares abusos psicológicos que a obrigaram a procurar apoio e tratamento, mas demorou a entender que a situação que enfrentava era de fato uma relação abusiva.
“O pior do abuso psicológico é questionar sua própria sanidade, e achar que você está louca ou que faz tudo errado, e que aquela pessoa que te maltrata faz isso porque você merece. O abuso psicológico destrói a consciência, a auto-estima e também a capacidade da mulher de pedir ajuda. A gente acha que ninguém vai ser capaz de entender, porque é muito difícil explicar como começa, como acontece, e como nos sentimos perante aquilo.”, relata.
A Secretária Nacional de Mulheres do PT, Anne Moura, tem buscado conscientizar as mulheres petistas e as mulheres brasileiras em geral, por meio do Projeto Elas por Elas, das redes sociais da secretaria e das campanhas puxadas pelo Coletivo Nacional de Mulheres do PT, sobre os perigos das relações abusivas e como abusos vistos como menos graves são na verdade grandes riscos para a vida das mulheres.
“Todos os tipos de relações abusivas são perigosas, todos os tipos de abusos que as mulheres estão suscetíveis podem ser fatais e precisamos falar sobre eles. Quando não falamos sobre as realidades dos relacionamentos abusivos é como se eles não existissem, mas eles existem e estamos todos os dias em luta contra todas as duas expressões, pela vida das mulheres e seu direito de amar sem correr riscos”, afirma Anne Moura.
G. L. hoje não faz mais parte do grande número de mulheres presas em relações perigosas e abusivas e faz questão de colocar sua história como exemplo de superação e incentivo para outras mulheres. Ela faz questão de afirmar que só conseguiu sair daquela relação
“graças a terapia, aos meus amigos e a minha família que nunca cansaram de me alertar e me escutar. É muito importante nesse momento a gente buscar ajuda pra se sentir acolhida pelas pessoas que de fato nos amam. Nesse processo é necessário tirar a pessoa abusiva de um pedestal, e ver a realidade como ela é. Não é fácil, é muito doloroso admitir que fomos abusadas e manipuladas psicologicamente por alguém que amamos. Mas não tem sensação mais satisfatória do que se ver livre e feliz novamente, nos acolher e nos amar. Todas nós podemos sair de um relacionamento abusivo! Essa pessoa que te machucou não vai definir a sua história”.
Isabel Lira chama nossa atenção para a importância das vítimas registrarem a ocorrência destas agressões e abusos,
“Como a violência contra a mulher é um crime que ocorre predominantemente no seio doméstico, há uma gritante ocultação dos casos dos radares do poder público… A grande maioria dos casos acontece através de repetidos episódios, e possivelmente com diversas vítimas, sendo que como última consequência pode resultar a morte, por isso a importância de sempre denunciar”, pontua a advogada.
Se você ou alguma pessoa que você conhece está vivendo hoje um relacionamento abusivo procure a Central de Atendimento à Mulher, que funciona todos os dias e é 24 horas, pelo telefone 180. Busque ajuda, existe alguém que pode e quer te ajudar!
Nádia Garcia, Agência Todas
Fonte: pt.org.br