Sentindo eleição ameaçada, direita apela para ódio e terrorismo eleitoral
Por Jeferson Miola, no Brasil 247
Com a divulgação de pesquisas sobre o 2º turno, o pânico tomou conta dos comitês de Brunos Covas (PSDB) em São Paulo e de Sebastião Melo (MDB) em Porto Alegre.
Tanto na capital paulista como na gaúcha, levantamentos indicam queda das intenções de votos nos candidatos da oligarquia dominante e o crescimento das candidaturas de esquerda de Guilherme Boulos (PSOL) e Manuela D’Ávila (PCdoB/PT).
A disputa avança dramaticamente nestas duas cidades na reta final de campanha, e o resultado do próximo domingo [29/11] tende a ser parelho em ambas.
Em São Paulo e em Porto Alegre observa-se o amontoo automático do chamado centro político, mais direita e mais extrema-direita bolsonarista para enfrentar as candidaturas de esquerda apoiadas pela centro-esquerda.
É interessante notar como os xingamentos e as brigas selvagens entre os candidatos e partidos do bloco conservador magicamente desapareceram. Agora, todos atuam em ordem unida para enfrentar o que consideram ser o inimigo comum – a esquerda e o campo progressista.
Para a oligarquia racista, o relevante não é apresentar propostas concretas para enfrentar problemas como finanças municipais, desemprego, moradia, saúde, educação, creches, saneamento básico, Plano Diretor e o desenvolvimento da cidade. A única obsessão deles é impedir que a esquerda vença para promover mudanças profundas no governo.
Está claro que a oligarquia não se junta a favor de um plano para a cidade. Eles apenas se amontoam em aglomerados reacionários para combater a esquerda. Não sem histeria, bradam contra a “ameaça comunista”, como se estivessem na Guerra Fria.
Até há alguns dias, as campanhas de Covas e de Melo simulavam civilidade em público, ao mesmo tempo em que promoviam toda sorte de vilania e patifaria no subterrâneo das redes sociais e do WhatsApp. Com os números das pesquisas recentes, contudo, as campanhas deles passaram a apelar para o ódio e o terrorismo abertos, inclusive promovendo sectarismo religioso na propaganda eleitoral.
Nos últimos dias começaram circular vídeos com sionistas defendendo o voto em Covas e acusando Boulos de antissemita. Na mesma linha, cristãos conservadores [católicos e evangélicos] transformaram igrejas, cultos e templos religiosos em comitês eleitorais do Covas, a partir dos quais proferem toda sorte de infâmias e demonizam Boulos.
O próprio Covas, talvez desesperado com o risco da derrota, parece esquecer que a disputa é para o governo da cidade de São Paulo, mas mesmo assim provoca Boulos a responder acerca de problemas de Cuba e da Venezuela.
Em Porto Alegre a chapa do Melo (MDB), integrada pelo fundador e coordenador do MBL no Rio Grande do Sul [Ricardo Gomes/DEM], é especializada em industrializar mentiras, ataques e baixarias.
Desde o 1º turno, Manuela tem sido alvo da pistolagem e banditismo político deste bando da direita extremista – mais detalhes aqui. A campanha dela derrubou na justiça mais de 530 mil publicações ofensivas, notícias falsas e calúnias no facebook.
Agora circula um áudio com relato da reunião do Ricardo Gomes com o poderoso sindicato patronal da construção civil, o SINDUSCON, no qual empresários são conclamados a votar no Melo, “porque se entrar essa vadia aí vai ser um problema muito sério para a cidade”.
Os programas de TV do Melo também ficaram mais violentos e apelativos. Melo finalmente saiu do esconderijo das redes e passou a atacar Manuela na TV e nas entrevistas. O candidato da direita racista tenta assustar a população com uma retórica anticomunista e antipetista, para infundir medo e pavor nos eleitores da Manuela.
É arriscado predizer alguma tendência de resultado no próximo 29 de novembro, dadas as incertezas das pesquisas, que acertam cada vez menos os prognósticos.
Mas, por outro lado, o comportamento desesperado dos candidatos da direita bolsonarista e bolsonarizada – em São Paulo e em Porto Alegre – autoriza supor-se que são bem realistas os “riscos” de vitória da esquerda e do campo progressista em São Paulo com Boulos, e em Porto Alegre com Manuela.
Fonte: Pensar Piauí