As pesquisas mandam boas notícias para a esquerda brasileira
Há algumas semanas o espectro do desastre assustava uma boa parte dos militantes de esquerda. Bolsonaro avançava no ótimo e bom galopando o auxílio-emergencial e, com exceção de Belém, onde Edimilson Rodrigues (PSOL) liderava uma frente com sucesso, as candidaturas de esquerda não se posicionavam bem nas pesquisas. Entre os mais pessimistas, as análises beiravam à tragédia.
Para quem chegou a temer o pior, eis que os resultados que começam a chegar de aqui e de acolá. De institutos mais famosos ou menos conhecidos. De cidades maiores e de outras nem tanto. Se não são notícias absolutamente alvissareiras, também não se pode dizer que são trágicas.
A começar pela ponta sul do país, a chapa que lidera as pesquisas em Porto Alegre é a de Manuela-Rosseto. Uma aliança entre o PCdoB e o PT. Em Florianópolis, a esquerda conseguiu fazer um frentão capitaneado pelo PSOL que tem condições de crescer. No Rio de Janeiro, Benedita (PT) e Marta Rocha (PDT) crescem e uma delas pode surpreender Crivella na reta final, fazendo um segundo turno com Eduardo Paes. O que seria bastante civilizatório no atual estágio do Rio de Janeiro.
Em São Paulo, Boulos avança nas pesquisas e pode surpreender. Tatto parece começar a dar sinais de vida tendo chegado a 4 pontos na pesquisa RealTime. O risco é ambos morrerem abraçados disputando o terceiro, quarto ou quinto lugar. Trata-se de um lugar onde a situação mereceria mais atenção.
Em BH, Kalil deve ganhar disparado, mas em Contagem o PT está disparadíssimo na frente com Marília Campos que 40% das intenções de voto. E em Juiz de Fora, a deputada federal também petista Margarida Salomão está embolada na disputa pelo primeiro lugar.
Ah, sim, na grande São Paulo o PT voltou à disputa em várias cidades depois de passar um 2016 duro. Em Guarulhos, Elói Pietá lidera, em Diadema José de Fillipe está na frente, Emídio está em segundo lugar em Osasco e Luís Marinho disputa pra valer em SBC. Na resistente Araraquara, maior cidade administrada pelo PT de São Paulo, o prefeito Edinho deve se reeleger com relativa facilidade.
Há ainda Vitória e Goiânia. João Coser (PT) lidera em Vitória. E em em Goiânia, Adriana Acorsi (PT) está embolada no segundo lugar. Aliás, a situação da delegada Acorsi é muito semelhante as de Marília Arraes, em Recife, e Luizianne Lins, em Fortaleza. As três disputam uma passagem para o segundo turno. Três mulheres potentes em três capitais importantes.
No Nordeste, em quase todas as capitais, aliás, há um candidato de esquerda em boa condição de ir para o segundo turno. Salvador tem Major Denice (PT) e Olívia Santana (PCdoB).
E mesmo em capitais como Manaus, uma ampla coligação liderada pelo deputado Zé Ricardo (PT) tem chances. Ele tem 10% na última pesquisa Ibope e disputa o segundo lugar com David Almeida (Avante) e Ricado Nicolau (PSD).
De ponta a ponta no país há candidaturas de esquerda disputando posições palmo a palmo para ir ao segundo turno. Ao mesmo tempo, o efeito auxílio emergencial vai passando e o desemprego e os efeitos do aumento dos alimentos vão chegando à mesa do povo.
Para quem previa um 15 de novembro catastrófico as notícias não são ruins. Claro, não é momento para comemorar, mas já dá pra respirar e pensar melhor. Dá para ver um horizonte e este é o momento dos profissionais da política conversarem para realizar algumas alianças se possível ainda no primeiro turno pra ir mais forte para o segundo. Mas também para já ir montando o tabuleiro da disputa final. O cenário permite, ao menos, pensar melhor. Aproveitem-no, senhoras e senhores.
Fonte: Pensar Piauí